OFÍCIOS

Um Ofício Tradicional é uma atividade que tem sua origem em nossos antepassados. Trata-se de um “saber fazer” transmitido no tempo por meio de valores, costumes, conhecimentos e técnicas. Como uma herança cultural recebida do passado, um ofício se adapta a cada período histórico, em um constante processo de produção e transformação de conhecimentos que mantém, de certa forma, as características originais, para que se preserve como tradicional.

As construções de valor histórico e artístico são resultantes da produção dos mestres dos ofícios tradicionais e também, deles dependem a preservação destes importantes monumentos.

A restauração arquitetônica contribui para garantir a integridade física e cultural do bem edificado e promove ações que visam a longevidade dos materiais e sistemas construtivos, possibilitando a proteção dos bens artísticos integrados, contidos nas estruturas arquitetônicas dos monumentos.

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O ser humano sempre procurou ter um lugar para se abrigar e viver com segurança, conforto, beleza e funcionalidade, para, assim, poder propiciar qualidade de vida a todos os seus familiares. Uma boa casa de moradia sempre foi um sonho das famílias.

As edificações tradicionais são manifestações e expressões culturais através do tempo em cada local e é o principal elemento físico que compõe a estrutura urbana e social. Os materiais usados nas construções tradicionais quase sempre eram aqueles encontrados nas regiões próximas e as técnicas construtivas, passadas de geração em geração e aprimoradas com o tempo, eram de domínio dos mestres construtores.

No período colonial brasileiro os mestres artífices não só faziam os riscos dos projetos, mas também a execução das obras, que construíam não só as estruturas militares, mas também palácios, igrejas, conventos, casarios e aquedutos. Dentre os vários mestres responsáveis por este nosso rico patrimônio, destacamos Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, José Pereira Arouca e o brigadeiro José Fernando Pinto Alpoim.

Os processos construtivos tradicionais envolvem a fabricação do tijolo de adobe e seu assentamento, o emprego da taipa de pilão e do pau a pique nas elevações das paredes, o embasamento dos edifícios com a técnica em alvenaria de pedra, na pavimentação dos ambientes através de tijoleira ou de seixos rolados, nos revestimentos das paredes e forros abobadados em estuque usando o barro e várias outras soluções criativas e duradouras empregadas pelos antigos mestres artífices nas construções.

Saber empregar estas técnicas e estes materiais nos nossos monumentos históricos possibilita a preservação do patrimônio arquitetônico, que constitui um marco da nossa identidade.


O ofício e arte da Cantaria, que tem como material de trabalho as rochas e os minerais, transforma esta matéria bruta em peças artísticas genuínas, de grande utilidade para o ser humano.

Certamente é uma das mais antigas atividades práticas do ser humano, que contribuiu enormemente para o crescimento e desenvolvimento da humanidade, não só no aspecto econômico, político e social, mas também nas artes e na cultura. No mundo e no Brasil a cantaria significou um importante passo na produção de edificações mais resistentes às ações do tempo e das intempéries e até mesmo das ações provocadas pelo próprio homem.

O oficial da cantaria é o canteiro. Esta profissão é uma variação da prática da execução de esculturas em rochas. A escultura, em geral, produz elementos de forma livre ou em relevo no espaço, prendendo-se aos conhecimentos adquiridos pelo autor, usando seu talento artístico e suas habilidades técnicas e instrumentais. Já a cantaria é uma produção de forma mais rígida, onde o trabalho se inicia no traçado de linhas paralelas sobre a pedra e depois se realizam cortes precisos para deixar plana a superfície entre estas linhas, formando os rebaixos e relevos desejados. Com o tempo, a prática e sua dedicação o canteiro pode adquirir habilidades artísticas e, assim, inserir formas mais elaboradas aos elementos da cantaria que ele produz.

Nas cidades históricas como Mariana e Ouro Preto podemos ver as peças em cantaria nas escadarias, nas colunas e entalhes das igrejas, nos chafarizes, nas pontes e nas portadas do casario. Por isto, o Canteiro é um importante profissional nas obras de conservação e restauro dos monumentos das nossas cidades históricas.


A Carpintaria Tradicional é uma das atividades baseadas no conhecimento de nossos antepassados. Ela é considerada uma das atividades mais antigas do homem e consiste em se trabalhar a madeira – seja em seu estado natural ou previamente manipulada – com a finalidade de produzir os mais diversos elementos de uma edificação, como os assoalhos, os forros, as portas, as janelas, as escadas e os telhados, e também na produção de móveis e objetos utilitários e decorativos, usados no dia a dia das famílias.

A madeira é um dos principais materiais usados nas antigas construções, como as que encontramos nas nossas cidades históricas e, em especial, Mariana e Ouro Preto. O carpinteiro deve ser um profundo conhecedor do material com o qual trabalha (a madeira) e das técnicas que garantem a qualidade do que produz. A profissão de carpinteiro é indispensável na nossa sociedade, trazendo segurança e conforto para todos nós. Por tudo isso, o seu “saber fazer” é um instrumento fundamental para a preservação e transmissão da nossa cultura para as presentes e futuras gerações.


O Ferreiro Forjador é um profissional que cria e modela objetos de metais, através do seu aquecimento, malhação e outros tratamentos, utilizando o fole, a forja, a bigorna, o martelo e outros instrumentos, em processos tradicionais/artesanais. Acredita-se que esta profissão exista deste quando o homem aprendeu a manipular e moldar os metais (em torno de 2.000 a.C.), sem grandes alterações até os tempos atuais.

Na Europa, durante a idade média, o Ferreiro Forjador ocupava uma posição de destaque na sociedade, pois ele era responsável por praticamente toda a metalurgia na aldeia, produzindo todas as peças de metal necessárias na vida do povoado. Naquele tempo, a figura do Ferreiro se tornou sinônimo de forjador de armas (espadas, lanças, flechas, machados, armaduras, etc.) utilizadas pelos soldados da época, já que era dele esta função, além de equipar os exércitos com as ferraduras para os cavalos, peças das carroças, couraças, elmos e outros dispositivos de proteção e funcionamento das fortificações.

Na África, a forja era muito mais que produção de peças de ferro para o dia a dia. Para produzir o ferro a partir da terra e transformá-lo em objetos úteis para as comunidades, um profundo conhecimento foi desenvolvido durante centenas de anos e os segredos deste processo se transformaram até em rituais sagrados, associados aos espíritos da terra. Muitos destes conhecimentos foram trazidos para o Brasil pelos povos escravizados, o que foi fundamental para o desenvolvimento da metalurgia no país.

Na nossa região, vemos as peças forjadas compondo as antigas edificações, como os sinos, as aldravas, as fechaduras, as dobradiças, os trincos, as grades, os lustres e os cravos. Por isto, o ferreiro forjador é um profissional de grande valor nas obras de conservação e restauro dos monumentos das nossas cidades históricas.


Como seria a vida em preto e branco? Felizmente temos as cores para transformar os objetos em exemplares e nos transformar em seres melhores. Por mais requintada que seja uma edificação, sem as cores ela perde a maior parte da sua beleza, onde seus detalhes ficam despercebidos e sem vida. Neste contesto, os pintores são os mestres que realçam as características fundamentais do edifício, trazendo luz e vida ao bem, tornando-o visível e com uma aparência agradável aos olhos e ao coração.

Os mestres artífices da pintura tradicional sabiam escolher os pigmentos na natureza e, com uma técnica apurada, colorir com harmonia as edificações, tornando-as majestosas, referências para as comunidades e, muitas vezes, exemplares únicos da nossa cultura, contribuindo, assim, na formação do nosso patrimônio edificado. Um exemplo e um dos maiores mestres da pintura da nossa região foi o artífice Manuel da Costa Athaíde, que pintou vários monumentos das nossas cidades históricas.

Na arquitetura, os pintores são aqueles que fazem o acabamento final da edificação, deixando cada espaço apropriado ao uso, com beleza, segurança e conforto. O estudo dos materiais, das várias técnicas de pintura e a prática consciente são requisitos fundamentais na formação de um profissional de qualidade, que o mercado exige.

A EOTM ensina no seu curso de Pintura os segredos da produção de tintas usando pigmentos naturais e as diversas técnicas de pintura ancestrais.

Oficinas do semestre

15 de agosto a 6 de setembro (4 semanas)
Produção de pigmentos naturais à base de terra
Produção de tintas com pigmentos naturais
Aplicação de tintas naturais

12 a 28 de setembro (3 semanas)
Confecção de moldes de estêncil
Pintura em estêncil

3 de outubro a 19 de outubro (3 semanas)
Pintura geométrica e setorização de ambientes

24 de outubro a 9 de novembro (3 semanas)
Pintura decorativa com carimbos

21 de novembro a 4 de dezembro (3 semanas)
Pintura texturizada, efeito marmorizado e marmorino
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